O
ambiente digital, há muito tempo, não é lugar seguro para ninguém. Menos,
ainda, para crianças e adolescentes, que se tornam presas fáceis de criminosos,
nas mais diferentes redes sociais, e são levados para um mundo onde muitos
encontram o terror psicológico, a violência física e até a morte. A
popularização de plataformas, como o Discord, ampliou estes riscos, o que torna
urgente a atuação de diferentes setores da sociedade no enfrentamento de crimes
digitais.
Exemplo
de movimento com este propósito é a Frente Parlamentar de Combate à Violência
em Ambiente Digital Contra Crianças e Adolescentes, da Assembleia Legislativa
do Estado de São Paulo (Alesp), da qual sou idealizador e coordenador. Este
colegiado nasceu da mesma preocupação que me motivou a apresentar, também na
Alesp, o Projeto de Lei (PL) 1.193/2019, que propõe o programa Cidadania
Digital nas escolas públicas e privadas da rede estadual, voltado à formação de
uma cultura digital segura e consciente.
O
objetivo da Frente Parlamentar é atuar, em conjunto com entidades e
profissionais especialistas em Direito, Educação, Psicologia, Saúde,
Assistência Social e Criminologia, na prevenção e na identificação de crimes
virtuais. Também vamos colaborar com a Polícia, a fim de fortalecer as
investigações e a prisão de criminosos.
Importante
dizer que contamos com o apoio de representantes de diversos setores, a exemplo
da jornalista Carla Albuquerque, referência nacional no enfrentamento de crimes
digitais. Outro parceiro importante é o Instituto Aegis, liderado por Luís
Guilherme de Sá, que tem auxiliado o trabalho do Núcleo de Observação e Análise
Digital (Noad), da Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública do
Governo de São Paulo.
O
resultado desta colaboração já pode ser mensurado em dados: 160 pessoas
envolvidas em cybercrimes contra crianças e jovens foram detidas desde 2023. Em
paralelo, houve a desmobilização de mais de 15 grupos criminosos, que operavam
no Discord. Para se ter uma ideia, mais de 600 vítimas foram resgatadas e
assistidas. Somente em 2025, foi possível evitar 59 suicídios e frustrar 15
ataques violentos a escolas.
Outro
ponto fundamental é a Frente Parlamentar levar conhecimento às famílias
paulistas sobre os sinais que podem indicar que suas crianças estão sob risco
dentro e fora da Internet. Muitas vezes, a sinalização acontece primeiro em
casa, de forma sutil - o que justifica atenção redobrada.
Também
estamos descentralizando a Frente Parlamentar para os municípios. As
Prefeituras do interior paulista são fundamentais nesta parceria, uma vez que
estão mais próximas das famílias, das escolas e das redes de proteção local.
O
trabalho da Frente Parlamentar de Combate à Violência em Ambiente Digital
Contra Crianças e Adolescentes é focado, ainda, na responsabilização das
grandes empresas de mídia digital, as chamadas Big Techs, para que tornem suas
redes mais seguras. Não podem, afinal, acolher conteúdos, sem serem
responsabilizadas pelo o que hospedam.
A
proteção do público infantil e de jovens em ambientes digitais, portanto,
depende de uma cooperação mais do que urgente entre o poder público, entidades
Não-Governamentais (ONGs), famílias e educadores. Trata-se de papel que todos
nós devemos assumir como um pacto social - um propósito e um compromisso com a
atual e as novas gerações.
*Rafa
Zimbaldi é deputado estadual em São Paulo pelo Cidadania, em segundo mandato;
coordenador da Frente Parlamentar de Combate à Violência em Ambiente Digital
Contra Crianças e Adolescentes da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
(Alesp); foi vereador em Campinas-SP por quatro mandatos e presidente da Câmara
Municipal por duas gestões; é graduado em Relações Internacionais
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